Eventos proprietários pós-pandemia: o que mudou na relação com jornalistas

Depois da pandemia, os eventos presenciais voltaram com força. A demanda reprimida fez o calendário explodir, mas, justamente porque os eventos se multiplicaram, surgiu um novo desafio: conseguir que jornalistas estivessem presentes. As redações estão menores, os profissionais acumulam pautas, correm entre diferentes editorias e precisam fazer escolhas difíceis todos os dias. Nesse contexto, não basta convidar, é preciso criar motivos reais para que aquele jornalista, com uma agenda já apertada, escolha estar ali.

Até há pouco tempo, encontros presenciais, entrevistas e coffee breaks eram parte do cotidiano de quem trabalha com comunicação corporativa. Agora, boa parte dessas interações acontece online, acelerando processos, mas diminuindo o engajamento presencial.

Tirar um jornalista da redação virou missão complexa

Convencer um jornalista a sair da redação para acompanhar um evento presencial é quase um desafio estratégico. Para funcionar, o evento precisa ter algo realmente relevante, como:

  • lançamento de produto ou serviço,
  • anúncio de parceria estratégica,
  • expansão de negócios,
  • movimentações de mercado que sinalizem um novo posicionamento da companhia.

Além disso, a experiência oferecida passou a pesar muito na decisão. Ativações interativas, convidados influentes, marcas consolidadas e uma proposta de valor clara ajudam a despertar interesse e repercussão. Em resumo: realizar um evento proprietário com impacto já não é simples, especialmente para marcas menores ou que ainda estão se consolidando.

Desafios no pós-pandemia

O movimento de transformação no relacionamento entre jornalistas e empresas já estava em curso antes mesmo da pandemia, mas foi ela que acelerou e intensificou essas mudanças na indústria do jornalismo. O consumo de notícias migrou de vez para o ambiente digital, que virou o principal campo de atuação das redações. Com o isolamento, houve uma explosão na audiência de sites, newsletters e redes sociais de veículos.

Para acompanhar esse movimento, muitas redações precisaram acelerar processos, integrar equipes e adotar modelos “digital first”, priorizando velocidade, agilidade e volume de publicação.

Por que está mais difícil levar jornalistas aos eventos?

Hoje, muitos jornalistas acumulam funções: além de apurar e escrever, precisam editar, publicar conteúdo multimídia, além de gerenciar suas próprias redes. A rotina ficou mais intensa e fragmentada.

O modelo de trabalho também mudou. O remoto deixou marcas nas redações, e grande parte dos veículos opera agora de forma híbrida, com equipes distribuídas entre casa, estúdio, redação e campo. Essa dinâmica exige mais planejamento e, na prática, reduz a disponibilidade para deslocamentos e presenças físicas em eventos.

Relevância antes de presença

Mais do que nunca, eventos proprietários precisam entregar notícia, novidade concreta, experiência marcante e contexto de mercado. O segredo não é apenas convidar: é dar um motivo real para a imprensa querer estar lá. Quando relevância e experiência caminham juntas, o evento deixa de ser apenas mais um no calendário e passa a ocupar espaço estratégico na pauta jornalística.

LIVIA GEAMPAULO
Coordenadora de atendimento na AND, ALL – Reputação e Influência 


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