Em mãos sábias, a IA pode ser ferramenta, extensão, tradutora e até espelho ético
Em 2025, o Estadão completa 150 anos de atividade ininterrupta. Ao longo desse período, consolidou-se como uma das principais referências do jornalismo brasileiro, com trajetória marcada pela defesa de princípios democráticos e pelo compromisso com a informação responsável. Em meio às transformações tecnológicas e culturais que impactam a imprensa, o jornal enfrenta agora um novo desafio: compreender e incorporar os efeitos da inteligência artificial sobre a produção, a ética e o papel social do jornalismo.
Os desafios do próximo século não serão menores. A multiplicação de vozes não mediadas, a ascensão de influenciadores sem curadoria editorial, a banalização da opinião como substituto da apuração e a proliferação de narrativas moldadas por algoritmos inauguram um campo de batalha inédito para o jornalismo responsável. Em meio a esse cenário, a presença da inteligência artificial, que é capaz de produzir, difundir e potencializar conteúdos indistinguíveis da linguagem humana, eleva as exigências sobre aqueles que, como o Estadão, ainda creem que jornalismo é mais do que técnica: é vocação democrática.
Bertrand Russell, em sua defesa da clareza como virtude filosófica, advertia que “a busca pelo conhecimento deve ser guiada, não pelo desejo de segurança, mas pela paixão da verdade”. A frase soa quase anacrônica num tempo em que algoritmos oferecem respostas antes que a pergunta se complete. E, paradoxalmente, é nesse contexto que a inteligência artificial emerge não apenas como ferramenta, mas como contraponto civilizatório: como catalisador silencioso de introspecção…
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PAULO ANDREOLI
CEO & Chairman América Latina da AND,ALL – Reputação e influência.
